Anarquismo, Desestatização e a Desescolarização da Educação

1. Introdução

Não existe consenso na definição da maior parte das teorias que propõem a melhor forma de viver em sociedade — aquilo que podemos chamar de filosofias políticas, como, por exemplo, comunismo, socialismo, socialismo democrata, democracia social (ou social-democracia), liberalismo social, liberalismo clássico, anarquismo, etc. Mas, dentre esses rótulos todos, certamente o maior dissenso prevalece a respeito do anarquismo.

No entendimento tradicional, antes que a coisa ficasse extremamente complicada, anarquismo queria dizer algo como “sociedade sem autoridade formalmente constituída“. Como a autoridade formalmente constituída para organizar as coisas na sociedade é o que denominamos de estado, anarquismo queria dizer “sociedade sem estado“. E como o estado é estruturado, organizado e operacionalizado através de um “governo” (que é a face humana, por assim dizer, do estado), anarquismo queria dizer “sociedade sem governo“.

Anarquismo, portanto, era o nome que se dava a uma sociedade sem autoridade formalmente constituída, sem estado, sem governo (se é que é possível haver uma sociedade desse tipo – que é um outro problema que tem mais que ver com a natureza humana). De qualquer forma, como uma sociedade desse tipo seria, ou pelo menos assim se supõe, uma sociedade em que a liberdade e a autonomia de uma só pode ser restringida por igual restrição à liberdade e autonomia de todos, e não há um poder superior, que fica acima de todos, e que detém monopólio no uso da força, e que, portanto, tem autoridade para restringir a liberdade de todos, o anarquismo era entendido também como sinônimo de libertarianismo: o máximo de liberdade possível (assumindo que liberdade total de todos seja algo impossível ou, pelo menos, impraticável).

Assim, vejamos.

George Woodcock, autor de um livro com o título Anarchism: A History of Libertarian Ideas and Movements (1962), parece sugerir, já no (sub)título, que os termos anarquismo e libertarianismo são basicamente equivalentes, mesmo que não exatamente sinônimos.

A primeira frase do livro de Woodcock é uma citação de Sébastien Faure (1858-1942), ativista libertário francês da segunda metade do século 19 e primeira metade do século 20, que afirmou: “Quem quer que seja que nega a autoridade, e luta contra ela, é um anarquista”. Aqui parece haver uma sugestão de que a negação da (validade da) autoridade é uma coisa, e a luta contra ela, outra – embora ambas possam vir juntas, e não raro venham.

Na Introdução ao livro The Essential Works of Anarchism (1971), seu editor, Marshall S. Shatz, cita a seguinte definição, bem mais completa, de Anarquismo, proposta por Peter Kropotkin (1842-1921), um dos grandes nomes dessa tendência política:

“Anarquismo é o nome dado a um princípio ou teoria de vida e conduta segundo a qual a sociedade é concebida sem governo, a harmonia dessa sociedade sendo obtida, não por submissão a leis, ou por obediência a uma autoridade [suprema], mas por livres acordos estabelecidos entre os vários grupos, sejam eles territoriais, profissionais, constituídos com o objetivo de produzir, ou consumir, ou satisfazer a infinita variedade de necessidades e aspirações de um ser civilizado”. [A definição de Kropotkin foi dada em seu artigo “Anarquismo” escrito para a memorável 11a edição da Encyclopaedia Britannica, publicada em 1910 (vol. I, p.914).]

William Godwin (1756-1836), também um nome importante nos primórdios da tradição anarquista (ele é o único desses grandes nomes a ter nascido no século 18), também caracteriza o Anarquismo como “uma bem concebida forma de sociedade sem governo“, em seu livro Enquiry Concerning Political Justice, de 1798 (também citado por Shatz).

2. Anarquismo Sem Qualificativos

Tenho a maior simpatia por aqueles que se contentam em parar por aqui, sem sentir a necessidade de acrescentar algum qualificativo ao termo anarquismo, que não seja libertário, ou, talvez, liberal, ou, talvez ainda, individualista. Creio que criar expressões como anarquismo comunitário, anarquismo mutualista, anarquismo sindicalista, anarquismo socialista, anarquismo comunista, etc., só complica a questão e cria confusão. Os dois últimos rótulos, por exemplo, anarquismo socialista e anarquismo comunista, apresentam um problema de coerência sério na definição de Anarquismo. Se o conceito prevê uma sociedade sem autoridade formal, sem estado, e sem governo, como associá-lo a duas tendências que propugnam, respectivamente, por um estado máximo e um estado total (ou totalitário)? Reconheço que uma sociedade anarquista pode até optar por operar com base em princípios capitalistas – mas me parece impossível que, optando por operar com base em princípios socialistas e comunistas, ela possa continuar a ser chamada de sociedade anarquista sem considerável abuso do sentido do termo.

Sou favorável, portanto, à decisão de Voltairine de Cleyre (1866-1912), uma anarquista americana do fim do século 19, começo do século 20, que dá atenção à educação, e pela qual me vi tomado de grande simpatia, embora só tenha vindo a travar conhecimento de suas ideias, e mesmo de sua curta existência, bem recentemente. Em um dado momento de sua vida, quando tentavam constrangê-la a admitir-se comunista (porque anarquista!), ela tomou a decisão de se designar simplesmente “anarquista”, e nada mais, sem qualquer qualificativo, afirmando, para aqueles que insistiam em ver nela uma comunista, que não era, nunca havia sido, e nunca seria comunista (porque anarquista!).

3. Anarquismo e Desestatização

Se estou basicamente certo até aqui, o Anarquismo será favorável a qualquer proposta que possa ser caracterizada como desestatização (ainda que gradual, parcial e lenta). Como, para quem já vive em uma sociedade estatizada, que somos todos nós, uma desestatização total e súbita parece impossível, o Anarquismo, para ser coerente, deve ser favorável a medidas que levem à desestatização da sociedade, ainda que essa desestatização se dê de forma lenta, gradual e restrita, desde que segura, e que represente um progresso na direção de uma desestatização irrestrita.

É por isso que não vejo muito problema em falar em anarquismo liberal e libertário, porque o liberalismo luta por um estado mínimo, e o libertarianismo por um estado tão mínimo que, como o sorriso do Gato Cheshire em Alice no País das Maravilhas, vai sumindo, sumindo, sumindo, até que desaparece de vez. Defender a transformação do estado em um estado mínimo, e, portanto, conviver, ainda que temporariamente, com um estado que se minimiza, é estar na direção certa no tocante ao anarquismo — algo que de modo algum acontece com os que defendem um estado máximo e um estado totalizante, que, a meu ver, andam, na contramão, em uma direção totalmente contrária do anarquismo.

Como a educação pública, em países como o Brasil e os Estados Unidos, é uma educação estatista (ou estatal), esforços no sentido de privatizá-la, ainda que de forma lenta e gradual, mas segura, desde que o objetivo final seja chegar a uma desestatização irrestrita de forma não traumática, fazem parte de uma tendência anarquista. Tenho em mente iniciativas como as charter schools e os vouchers, introduzidas nos Estados Unidos, sob a inspiração de ideias e sugestões de Milton Friedman (1912-2006), conhecido economista liberal.

4. Anarquismo e a Desescolarização da Educação

Em países em que a educação estatal (chamada de educação pública) predomina, o anarquismo deve ser favorável a medidas de privatização gradativa da escola estatal (como nas formas vistas no item anterior), ou (na verdade, e/ou) da total desescolarização da educação em geral, estatal ou privada, desde que essa desescolarização não admita, uma vez concluída, nenhum resquício de controle estatal sobre a educação então totalmente desescolarizada.

Não vou discutir aqui a privatização da escola estatal porque estou convicto de que a educação escolar, inclusive a privada, já deu o que podia dar e está com seus dias contados. Vou discutir rapidamente uma estratégia para a lenta e gradual desescolarização da educação.

A. O Anarquismo, a Liberdade e a Autonomia

O anarquismo surgiu como uma tentativa de aumentar os espaços de liberdade e autonomia dos indivíduos — principalmente em relação ao estado. Reconheceram os primeiros anarquistas que quanto maior é o espaço de ação do estado, tanto menor o espaço que sobra para a liberdade e a autonomia dos indivíduos. Essa, portanto, a primeira e maior luta.

As lutas subsequentes, como por exemplo, a luta das mulheres casadas contra a autoridade atribuída pelo estado ao marido, como cabeça e chefe da sociedade conjugal, dono de sua mulher e dos filhos do casal, que não podiam ter propriedade em seu nome, nem comprar e vender, e, no caso da mulher, que não tinha nem sequer poder pátrio sobre os filhos do casal, que era mantido com o ex-marido, no caso de uma separação, luta essa que caracterizou o início do movimento feminista, também é uma luta contra o estado, porque é pelas leis do estado que essa autoridade e esses poderes são atribuídos ao homem.

Outro exemplo é a luta dos trabalhadores contra os donos de empresas, que tomavam decisões unilaterais acerca do contrato de trabalho e as normas e regras que disciplinavam o trabalho, luta essa que era contra os donos de empresa e o estado, porque eram as leis do estado que davam esse direito aos donos de empresa. Assim a luta do movimento dos trabalhadores também era uma luta contra as leis do estado e a autoridade do estado de disciplinar as relações entre as pessoas — não só marido e mulher, mas também patrão e trabalhador.

E assim vai: a luta do anarquismo é uma luta pela liberdade e autonomia das pessoas para estabelecer laços afetivos, de convivência e de trabalho em termos acordados exclusivamente entre elas. Como diz Kropotkin, na passagem já citada:

“Anarquismo é o nome dado a um princípio ou teoria de vida e conduta segundo a qual a sociedade é concebida sem governo, a harmonia dessa sociedade sendo obtida, não por submissão a leis, ou por obediência a uma autoridade, mas por livres acordos estabelecidos entre os vários grupos, sejam territoriais, sejam profissionais, constituídos com o objetivo de produzir e consumir, bem como de satisfazer a infinita variedade de necessidades e aspirações de um ser civilizado.”

A citação de Kropotkin fala em “acordos estabelecidos entre grupos“, mas os anarquistas logo perceberam que os grupos, se formalizados, como acabou se tornando o caso dos sindicatos, podiam facilmente se tornar uma nova fonte de opressão, com autoridade e poder delegados pelo estado, de modo que a luta anarquista que, no mundo do trabalho, foi, em um primeiro momento, viabilizada pelos sindicatos, veio a se tornar também uma luta contra essas entidades de representação profissional, que se tornaram opressivas. A criação, em países como o nosso, de um “imposto sindical” que o estado cobra das pessoas para transferir para os sindicatos, mostra que sindicatos que aceitam esse mecanismo de financiamento obrigatório são forçosamente dependentes do estado e, por conseguinte, pelegos.

Custou muito para que as pessoas percebessem que a escola pública era uma outra forma de o estado puxar para si mais uma significativa fatia da liberdade e da autonomia das pessoas, agora, em relação à educação de seus próprios filhos. A escolarização, que começou a ser vista como direito das crianças, logo passou a ser uma também obrigação para os pais. Mas, pari passu, essa obrigação não podia ser executada da forma escolhida pelos pais. As pessoas podiam ser punidas se não colocassem seus filhos na escola. Isso se deu, em especial, em relação à escola estatal, mantida com os impostos cobrados de todos, não só dos que estavam dispostos a colocar seus filhos na escola do estado. Quem optasse por colocar os filhos em uma escola privada, não estatal, tinha de pagar duas vezes: uma na forma dos impostos que sustentavam a escola estatal, a outra na forma de retribuição da escola privada que prestava o serviço — entre as quais as escolas religiosas. O estado aprovou leis que o proibiam de dar subsídios às escolas privadas, para forçar essas escolas a arcar com todos os custos de seu funcionamento e, assim, cobrar mensalidades que dissuadiam as pessoas de pagar pelos serviços delas (já que pagavam, com seus impostos, para sustentar a escola estatal). Dessa forma, mais e mais pessoas abriram mão de sua preferência, de sua liberdade de escolha, de sua autonomia, para aumentar o grau de controle do estado sobre suas próprias vidas.

B. Como Lenta e Gradualmente Desescolarizar a Educação?

É evidente que, em um país como o nosso, em que a tanto a educação básica como a educação de nível superior são totalmente escolarizadas e amplamente estatais (em especial no caso da educação básica, havendo maior espaço para participação da iniciativa particular na educação de nível superior), nenhuma desescolarização da educação pode ser feita de uma hora para outra, ou mesmo dentro do período de uma geração.

No entanto, é forçoso reconhecer que o movimento de desescolarização da educação tem, pelo menos cinquenta anos, pois um dos autores mais conhecidos a propô-la escreveu seu livro em 1970: Ivan Illich é seu nome e Deschooling Society (Sociedade sem Escolas) o seu famoso livro. Paulo Freire, amigo de Illich, escreveu na mesma época, que “ninguém educa ninguém”, e tampouco “alguém se educa sozinho”, insistindo que “nós nos educamos uns aos outros em comunhão” (isto é, pela interação, pelo diálogo, pela colaboração, pela cooperação) — e aqui vem um acréscimo importante: “mediatizados pelo mundo”. A mediação não é da escola nem do professor: é da nossa atividade no mundo, do nosso que fazer no mundo do trabalho, do lazer, da vida em sociedade.

A meta e a direção estão, portanto, claramente definidas. Mas não a estratégia e a tática, que podem ser diversas. A meta é a desescolarização da educação que a sociedade proporciona aos seus membros (deschooling, para os que já estão na escola, unschooling para os que ainda não estão cumprindo pena na escola). As estratégias podem ser home schooling (escolarização em casa), manter algo parecido com o processo de escolarização, mas sob controle exclusivo da família, como o fazem os Amish, community schooling (escola comunitária), manter algo como a atual escola, mas sob controle exclusivo da comunidade mais próxima, ambientes de aprendizagem “sem cara de escola”, mas, sim, centrado em aprendizagens consideradas úteis agradáveis, como academia de danças, clubes de debates, clubes de aprendizagem de língua estrangeira (não confundir com escolas de língua, que são escolas, ainda que não façam parte do sistema escolar reconhecido), clube de gastronomia, em que se aprende a cozinhar todo tipo de comida, etc.

As escolinhas de futebol já adotaram o modelo escolar de começo a fim. Escrevi um artigo, em 2006, para a Fundação Lego, argumentando que a qualidade do futebol brasileiro começou a cair quando as crianças deixaram de aprender a jogar futebol nos campinhos de rua, de maneira totalmente informal, e passaram a frequentar escolinhas de futebol, em que aprendem, com um professor-técnico, as particularidades de dar uma pedalada ou uma bicicletada…

Nos Estados Unidos, as chamadas charter schools e os chamados vouchers são processos de tirar a escola, ou boa parte de suas atividades, de debaixo do controle do estado — não de tirar a educação do âmbito da escola.

Por enquanto, é isso aí. A luta continua. Voltarei à carga.

Salto, em 8 de Dezembro de 2020.

Eu e a Educação – Primeira Parte

Parte 1 – A Evolução das Minhas Ideias sobre a Educação

  1. O Ponto de Partida
  2. Sete Linhas de Reflexão
  3. O Ponto de Chegada

Quando se vai discutir a educação, em geral, ou do ponto de vista de qualquer pessoa (até mesmo do da gente, que é o que eu vou fazer aqui), é preciso, desde o princípio, estar preparado para abordar estas três questões básicas:

  • A questão do conceito de educação — como se deve entender a educação?
  • A questão do currículo da educação — qual deve ser o principal conteúdo da educação?
  • A questão da metodologia da educação — qual deve ser a melhor maneira de educar?

Vou, na sequência, procurar discutir essas três questões de forma tão objetiva e sucinta quanto me for possível. Mas o artigo, como o título explicita, é basicamente biográfico. Por isso, minha objetividade será circunscrita pelo fato de que estarei lidando com a minha visão — principalmente a atual — da educação. Minha visão atual da educação, embora seja, acredite eu, inovadora, não é nova: traz consigo elementos bastante antigos. É inovadora no sentido de que se contrapõe àquilo que tem passado como educação nos últimos tempos — talvez uns quinhentos anos, por aí…

Discutir os vários conceitos de educação propostos ao longo da história da filosofia e da educação, mesmo nos atendo apenas aos principais, é algo quase proibitivo: os conceitos propostos são em número muito elevado. É preciso, portanto, tentar agrupá-los, de alguma forma, em algumas categorias básicas.

Meu pensamento acerca dessa questão tem evoluído bastante. Mas antes de discutir a evolução na minha forma de ver a educação, vou discutir de onde parti.

A. O Ponto de Partida

Meu ponto de partida foi um conceito extremamente simples — quase simplório.

Comecei minha carreira como professor universitário, no ano de 1972, nos Estados Unidos, na área em que obtive o meu doutorado: Filosofia. No doutorado estudei bastante História da Filosofia, Teoria do Conhecimento, Filosofia da Ciência, Filosofia da História, e Filosofia da Religião. Não estudei absolutamente nada de Educação — nem mesmo Filosofia da Educação ou Teoria da Educação.

Assim, quando vim para o Brasil, para trabalhar na UNICAMP, em 1974, imaginava que seria aproveitado em uma dessas áreas da Filosofia. O destino não quis que assim fosse: o Curso de Pedagogia da UNICAMP estava sendo criado e fui incumbido de assumir a disciplina de Filosofia da Educação, que havia sido prevista para o primeiro semestre do curso. Não adiantou argumentar que eu nunca havia estudado Filosofia da Educação. Quando a gente está chegando não tem como se recusar a fazer o que lhe é pedido: aceitei. Tinha um mês para preparar a disciplina. Fui comprar uns livros nas livrarias de Campinas, São Paulo e Santo André e comecei a estudar.

Ao iniciar os meus estudos, o meu conceito de educação era elementar: educação, para mim, era, em um sentido básico, aquilo que tinha lugar na escola — e isso eu conhecia relativamente bem, depois de passar mais de vinte anos seguidos em diversos tipos de escola (de nível elementar, médio e superior). Para mim, naquele momento, não havia uma distinção significativa entre educação e educação escolar: era tudo fundamentalmente a mesma coisa.

Quais eram, na minha forma de entender inicial, os elementos básicos da educação que tem lugar na escola? Eram três:

Conteúdo: Havia uma série de coisas que a gente não sabia e precisava aprender na escola, especialmente, na educação básica, nas áreas (a) da linguagem (aprender a ler e escrever), (b) da matemática (aprender a fazer contas e outros tipos de cálculos), e (c) das ciências (aprender fatos relacionados ao ser humano [história e geografia], fatos relacionados aos seres vivos, em geral [biologia], e fatos relacionados às coisas inanimadas que constituem a natureza [física e química]).

Método: A metodologia utilizada pela escola para a gente aprender isso não era, exatamente, uma metodologia de aprendizagem: era uma metodologia de ensino. Pressupunha-se que a melhor maneira de a gente aprender essas coisas era, no fundo, ficando quieto e prestando atenção àquilo que alguém que conhecia esses conteúdos, o professor, dizia. E ele o dizia tanto oralmente, de viva voz, como pela escrita, rabiscando no quadro negro. Assim o professor apresentava e explicava os conteúdos a serem aprendidos. E a gente prestava atenção, anotava e copiava o máximo do que era apresentado, para estudar depois. Livros didáticos eram usados como material complementar e de apoio, para leitura posterior, em casa.

Avaliação: a forma de avaliar a aprendizagem da gente (não o ensino do professor) consistia de testes, provas e exames, exigidos periodicamente bem como ao final do semestre e ano letivo, que aferiam se a gente havia assimilado e memorizado de forma satisfatória uma quantidade mínima dos conteúdos transmitidos em sala de aula.

B. Sete Linhas de Reflexão

Minhas linhas de reflexão tiveram como ponto de partida os diversos elementos desse quadro apresentado e se concentraram nos elementos que a seguir passo a listar, que foram surgindo, em minha mente, basicamente na ordem em que os apresento.

Em primeiro lugar, sendo uma pessoa meticulosa, e começando pelo que me parecia ser o começo, tentei construir uma definição de educação com base nos textos que ia lendo. Isso se mostrou bem mais difícil do que a princípio parecia.

Em segundo lugar, tendo iniciado o Curso Primário (hoje Fundamental I) relativamente tarde, aos oito anos e meio, quando já sabia ler, escrever e contar de maneira bastante satisfatória (já lia Sherlock Holmes, por exemplo), e tendo aprendido a fazer essas coisas fora de sala de aula e sem ensino formal, apenas com pequenas ajudas de meus pais, aqui e ali, tentei descobrir por que, na escola, o ensino parece ser considerado indispensável para a nossa aprendizagem, se a gente aprende tanta coisa, antes e fora da escola, e, presumia eu, também depois dela, sem ser formalmente ensinado, até mesmo coisas que são ensinadas na escola. Como eu gostava muito de ler, comecei a refletir sobre por que a gente precisava da escola, se podia aprender tanta coisa lendo, em casa. Por que não aprender tudo assim? (O fato corroborativo de eu estar incumbido de dar aulas de Filosofia da Educação numa universidade brasileira de primeira linha, e de nunca ter sido ensinado nada acerca desse assunto na escola, aprendendo tudo o que aprendi fora dos bancos escolares, lendo, refletindo e discutindo, em contextos não-formais, especialmente em casa, passou a ser extremamente significativo para minha visão da educação.)

Em terceiro lugar, esta uma linha de reflexão já mais sofisticada, que se tornou meu primeiro projeto de pesquisa formal na UNICAMP, para fazer jus ao tempo integral e à dedicação exclusiva: tentei descobrir quais as diferenças essenciais entre educação e doutrinação, se ambos os processos, os educacionais e os doutrinatórios [esse termo, eu sei, não existe nos dicionários, mas eu o estou criando], em especial quando usados dentro da escola, fazem uso do ensino e tem por objetivo fazer com que a gente aprenda, isto é, venha a aceitar e a adotar, como verdadeiros, fatos presumidos, ideias, pontos de vista, visões de mundo, etc. (É bom lembrar que, em 1974, quando montei esse projeto de pesquisa, ainda estava em plena vigência o regime militar brasileiro, que considerou obrigatórios, em todos os níveis de escolaridade, seja a Educação Moral e Cívica, seja o Estudo de Problemas Brasileiros, institucionalizando um processo doutrinatório dentro da escola.)

Em quarto lugar, esta uma linha de reflexão ainda mais avançada, que se originou, em parte, no fato de eu ter resolvido aprender a nadar já depois dos trinta anos: tentei descobrir qual a diferença entre, de um lado, aprender, no sentido de assimilar (aceitar como da gente) conteúdos informacionais, como fatos, ideias, pontos de vista, doutrinas, visões de mundo, ideologias, etc., que a gente até aquele ponto desconhecia, e, de outro lado, aprender, no sentido de tornar-se capaz de fazer alguma coisa que a gente até aquele ponto não conseguia fazer.

Em quinto lugar, esta a linha de reflexão mais recente, e que tem por base dois fatos básicos: (a) todas as linhas de reflexão anteriores parecem ter que ver, principalmente, com o componente intelectual de nossa mente (nosso intelecto), que também parece ser a preocupação central, se não única, da escola; e (b) segundo vários filósofos, a nossa mente tem, pelo menos, dois outros componentes: primeiro, o componente que lida com as emoções, os sentimentos, a sensibilidade; segundo, o componente que lida com os processos de escolha e decisão, bem como os valores neles envolvidos, com vistas à nossa conduta, às nossas ações, aos nossos comportamentos, em especial quando se tornam habituais e configuram aquilo que os antigos chamavam de “formação do caráter”. Em outras palavras: como é que a gente, além de aprender a conhecer e a fazer, aprende a sentir e a respeitar os sentimentos dos outros, ou para resumir, aprende a ser, mas não a ser só, a ser socialmente, isto é, a conviver?

Em sexto lugar, esta a minha linha de reflexão talvez mais conhecida: se hoje a gente faz a maioria das coisas que precisa fazer, pelo menos parcialmente, em espaços virtuais criados ou tornados extremamente eficazes pela tecnologia, por que não também aprender o que é preciso ou desejável aprender em espaços virtuais constituídos pela tecnologia, desescolarizando de vez, e totalmente, a educação, como propôs, um dia, cinquenta anos atrás, quando a Internet nem existia ainda, Ivan Illich, retirando a educação da escola e levando-a para a sociedade como um todo, e, paradoxalmente, trazendo-a de volta para dentro de casa, usando as redes sociais e as demais tecnologias de comunicação e acesso à informação para aprender e nos educar uns com os outros, como um dia recomendou Paulo Freire, na mesmíssima época em que seu amigo Ivan Illich fazia a recomendação dele?

Em sétimo e último lugar, a minha linha de reflexão mais radical, mas coerente com o liberalismo clássico e o libertarianismo anárquico que tenho tentado viver  ao longo da minha vida: por que não aproveitar a revolução que está sendo causada pela tecnologia e retirar o governo da educação, decretando, de uma vez por toda, a separação entre a educação e o estado?

C. O Ponto de Chegada

É forçoso reconhecer que o ponto de chegada está bem distante do ponto de partida. Comecei, como ponto de partida, vendo a educação como aquilo que tinha lugar dentro das escolas, que, em sua maioria eram públicas, vale dizer, estatais. Chego ao final vendo a educação como um processo que pode e deve ter lugar totalmente fora da escola, de forma desinstitucionalizada e desestatizada. Como era a educação de antigamente — só que, agora, com todas as possibilidades inerentes às mais sofisticadas tecnologias digitais.

Em Salto, 23 de Julho de 2020.

APECAVE: Aprendizagem Personalizada e Colaborativa em Ambientes Virtuais Estruturados

Há algum tempo criei um conceito, ao qual dei o nome e sigla (acrônimo?) acima. O conceito, portanto, é uma abstração da expressão “Aprendizagem Personalizada e Colaborativa em Ambientes Virtuais Estruturados”.

Acho que essa expressão compreende os elementos essenciais do conceito:

A. APRENDIZAGEM: Do que se trata? Trata-se de Aprendizagem, não de Ensino. Considero que, no plano mais genérico e abrangente, a aprendizagem engloba os processos mediante os quais nos tornamos capazes de fazer o que antes não conseguíamos fazer. Aprender, assim, é construir capacidades, desenvolver habilidades e competências.

B. PERSONALIZADA: Qual é o objeto principal da aprendizagem? O que se deve prioritariamente aprender? Qual devem ser as capacidades, habilidades e competências a serem construídas ou desenvolvidas? A resposta é simples: aquelas necessárias para que cada indivíduo defina seu projeto de vida pessoal e aja para transforma-lo em realidade, isto é, em vida vivida. Assim, além do fato de que cada um tem seu estilo preferencial de aprendizagem e aprende melhor no seu próprio ritmo, a personalização da aprendizagem a torna caudatária e serventuária do projeto de vida de cada um.

C. COLABORATIVA: Nunca foi possível, e hoje ainda é menos ainda, que alguém defina e realize seu projeto de vida isoladamente, como se um eremita fosse. Hoje isso se dá em grupos (como em família, entre amigos) ou em equipes (no trabalho e no lazer). Por isso a aprendizagem, embora seja personalizada em função do projeto de vida de um indivíduo, se desenrola de forma colaborativa, que implica que ela seja, além de personalizada, ativa e interativa, para poder se tornar significativa.

D. AMBIENTES DE APRENDIZAGEM VIRTUAIS ESTRUTURADOS: Quando se fala em ambiente de aprendizagem no contexto da educação tradicional se tem em mente, na realizada, um ambiente presencial de ensino, vale dizer, uma escola e uma sala de aula com um professor dentro. A APEC, porém, se dá melhor, hoje em dia, em ambientes virtuais, isto é, constituídos com o apoio da tecnologia, e estruturados em rede e com recursos de comunicação que facilitem a aprendizagem personalizada, ativa, interativa, colaborativa e, por conseguinte, significativa.

Em Campinas, 11 de Julho de 2019

Apresentação de meu Novo Livro

Meus caros leitores e amigos:

Lanço hoje – 20/2/2019 – a segunda edição, revista e bastante ampliada, do meu principal livro, que venho escrevendo há dezoito anos. Por enquanto ele está apenas no formato e-book, padrão Kindle, da Amazon Books.

O título é Educação e Desenvolvimento Humano: Uma Nova Educação para uma Nova Era (Segunda Edição).

Tem um belo Prefácio do Rubem Alves, escrito na data da primeira edição do livro, em 2003. Uma preciosidade: só ele vale o preço do livro…

Entre a Primeira e a Segunda Edição, passaram-se dezesseis anos em que continuei a atualizar o material até trazê-lo à sua forma presente.

O conteúdo do livro é basicamente o seguinte.

Além do Prefácio, da Apresentação e das Explicações do Autor (estas tanto na segunda como na primeira edição), o livro tem sete capítulos, seis anexos, e um epílogo, distribuídos em 342 páginas (espaço 1,2), em Microsoft Word (535 páginas no e-book Kindle), e está dividido em quatro blocos:

  • Um bloco constituído pelos três primeiros capítulos;
  • Um bloco constituído pelos quatro últimos capítulos
  • Um bloco constituído pelos seis anexos;
  • Um bloco constituído apenas pelo epílogo.

Os três primeiros capítulos do livro (Capítulo Primeiro ao Capítulo Terceiro) são mais genéricos e procuram amarrar bem estas três teses:

  • Vivemos em uma Nova Era;
  • Uma Nova Era exige uma Nova Educação;
  • Uma Nova Educação Exige uma Nova Escola.

Pedem o Bom-Senso e a Lógica que essas três questões sejam discutidas em bloco, e nessa ordem.

O Capítulo Primeiro discute a Nova Era, que tem sido batizada com vários nomes: Sociedade da Informação, Sociedade do Conhecimento, mais recentemente, Sociedade da Criatividade, Sociedade da Aprendizagem, etc. Nomes como Segunda Renascença, Sociedade Pós-Industrial, Sociedade Pós-Moderna, etc., também têm sido empregados, cada um de seus proponentes procurando enfatizar um aspecto da mesma Nova Era.

O Capítulo Primeiro descreve, em linhas gerais, essa Nova Era, mostrando, de um lado, suas conexões com as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação, as tecnologias digitais, disseminadas a partir da revelação ao mundo do Primeiro Computador Eletrônico Digital, em 1946, e, de outro lado, suas implicações para a Educação, em geral, e para a Escola, em particular.

O Capítulo Segundo discute, em mais detalhe, a Nova Educação que se faz necessária nessa Nova Era.

A nova visão de educação proposta e defendida é a da Educação como Desenvolvimento Humano, que deverá substituir a visão tradicional de educação, centrada na Transmissão de Conteúdos Informacionais.

O Capítulo Terceiro discute, em linhas gerais, a Nova Escola que se faz necessária quando se adota essa Nova Educação.

A Nova Escola proposta e defendida promoverá a Educação como Desenvolvimento Humano, e isso fará com que precise ter

  • um Novo Currículo (centrado na Construção de Competências e Habilidades);
  • uma Nova Metodologia (que será de Aprendizagem, não de Ensino);
  • Novos Papéis (com protagonismo para os Aprendentes, não para os Ensinantes);
  • uma Nova Organização do Tempo e do Espaço (que não são mais determinados pela Aula e pela Sala de Aula, mas, sim, voltados para facilitar a interação, a comunicação e o diálogo dos aprendentes, com colegas e facilitadores da aprendizagem, internos e, via tecnologia, externos, bem como seu acesso às informações de que possam vir a ter necessidade para por em andamento seus projetos de aprendizagem);
  • Novas Formas de Usar a Tecnologia (um uso criativo e inovador, voltado para preservar os espaços e ambientes de aprendizagem organizados e facilitar o acesso a eles em qualquer momento e a partir de qualquer lugar).

Os Capítulos Quarto ao Sétimo discutem em mais detalhe cada um desses elementos da Nova Escola, já introduzidos no Capítulo Terceiro:·

  • O Capítulo Quarto, o seu Currículo;·
  • O Capítulo Quinto, a sua Metodologia e sua Forma de Avaliação;
  • O Capítulo Sexto, a sua Organização de Papéis, bem como de seus Tempos e Espaços;·
  • O Capítulo Sétimo, o seu Uso da Tecnologia e sua Conexão com o Mundo Externo.

O Capítulo Sétimo dá um fecho temporário ao livro – mas há muito por vir ainda…

Os Seis Anexos consistem de três artigos e três entrevistas minhas, escritos na mesma época que o livro, em sua primeira edição, estava sendo publicado (2003).

O Primeiro Anexo retoma a discussão, agora mais detalhada, da Evolução das Tecnologias Relevantes à Educação e oferece uma comprovação do fato de que, toda vez que essas tecnologias se alteram drasticamente, há mudanças importantes no paradigma educacional vigente e, até mesmo, a troca de paradigmas educacionais.

As tecnologias, mesmo as antigas, quando usadas de forma criativa e inovadora, se incorporam de forma natural à educação, depois de vencidas as primeira reações negativas, em regra bastante naturais.

A fala, a escrita, e o livro impresso são tecnologias – dentre tantas que têm se mostrado essenciais na educação.

A escola moderna, aquela que hoje é chamada de a escola tradicional, é fruto da Reforma Protestante do século XVI na Alemanha, que, por sua vez, é um dos frutos da revolução introduzida pela prensa de tipo móvel, de Johannes Guttenberg (1400-1468), que, por volta de 1455, imprimiu, em Mainz, na Alemanha, o primeiro livro: uma Bíblia (em Latim, naturalmente).

A escola moderna é, em alguns aspectos, fruto da iniciativa de Martinho Lutero (1483-1546), líder da reforma religiosa alemã, que criou a vinculação da escola com o estado (a escola pública, com se chama hoje), sua gratuidade para o usuário direto (posto que o estado se encarregava de sustentá-la), sua natureza universal (era aberta para todas as crianças de uma determinada região, homens e mulheres, ricos ou pobres), sua natureza compulsória (para a infância) e sua frequência obrigatória (para os matriculados).

Em outros aspectos, mormente em seu currículo e sua metodologia, a escola moderna recebeu forma nas mãos do também líder religioso, este tcheco (moraviano/boêmio), Jan Amos Comenius (1592-1670), autor da Didactica Magna e inventor da Matética (a Arte de Aprender). (Tendo sistematizado a Didática, talvez Comenius lhe tenha também escrito o epitáfio, ao inventar a Matética – só que o doente está custando séculos para morrer…).

Quando as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação, as digitais, estiverem sendo usadas na educação e na escola de forma tão natural quanto a fala, a escrita e o livro são usados hoje, na escola tradicional, a escola tradicional terá sido subvertida e encontrará seu breve fim. Nesse momento as Novas Tecnologias da Nova Era passarão a ser usadas para promover a Nova Educação e viabilizar a Nova Escola: para promover o desenvolvimento humano, para ajudar os alunos a construir competências e habilidades básicas que lhes permitirão definir seu projeto de vida e, oportunamente, transformá-lo em realidade, vindo a viver uma vida realizada e feliz.

O Segundo Anexo discute a difícil mais importante questão do Gerenciamento de Mudanças. Muita coisa tem sido escrita sobre o tema, e boa parte do que foi escrito é complexo e sofisticado. Eu procurei abordar a questão de forma tão simples quanto possível, lidando com questões do dia-a-dia.

O Terceiro Anexo discute a questão da Avaliação de Projetos de Aprendizagem. Essa também é uma questão fundamental no contexto de uma nova educação e de uma nova escola – essenciais para uma nova era.

Os Três Anexos Finais retomam, em entrevistas, a discussão de diferentes aspectos da Introdução da Tecnologia na Escola e do Uso da Tecnologia na Educação que Tem Lugar Fora da Escola.

Por fim, o Epílogo, que vem depois dos anexos, dá um fecho no texto e esboça um olhar para o futuro e aponto caminhos.

O Epílogo, parte final do livro, se conecta com a parte inicial, o Prefácio do Rubem Alves.

Em vários lugares no livro discuto dois componentes importantes de qualquer educação que valha a pena: Competências e Sonhos. O Rubem pegou essa referência e formulou uma tese genial, que uso como mote do Epílogo. Cito:

“Competência é ter a capacidade para resolver os problemas que nos desafiam no dia a dia. Muito cedo, sem que ninguém saiba como, a criança adquire competência para andar. Com isso ela resolve o problema de deslocar-se no espaço. E aprende a falar. Com isso ela se torna competente na comunicação. O menino que roda o pião ficou competente em rodar pião. A menina que pula corda ficou competente em pular corda. O jovem que toca violão se tornou competente em tocar violão. Para isso foi necessário que o seu sonho fosse muito forte. Se ele não sonhasse forte ele não teria paciência… Sempre que o sonho é forte a inteligência trabalha com paciência e persistência. Não é preciso que ninguém lhe dê ordens.

A vida é feita de competências. Corrijo-me. A vida é feita de competências e sonhos. São os sonhos que buscam as competências. As competências nos dão os ‘meios para viver’. Os sonhos nos dão as ‘razões para viver’”.

Fim da Citação.

As competências existem para que os sonhos se realizem.” No que segue, caminho para fechar esta apresentação, comentando, com palavras minhas, retiradas do Epílogo…

Falei dos dois, de competências e de sonhos, mas gastei muito mais tempo com as competências do que com os sonhos, com os meios em vez dos fins, com o acessório quando deveria ter focado o essencial… “São os sonhos que buscam as competências”, diz o Rubem. É verdade. São os nossos sonhos que determinam nossos projetos de vida que, por sua vez, definem quais as competências que devemos buscar para fazer deles a realidade de nossa vida, nossa vida vivida.

Se isso não está acontecendo, alguma coisa está errada com a nossa educação.

Talvez o maior pecado da Educação Tradicional, que não se preocupa com sonhos, projetos de vida, talentos e paixões, esteja aí – exatamente aí. A Educação Tradicional é padronizada, algo em um só modelo, em um só tecido e de um tamanho e de uma cor só. Não é personalizada, ajustada — “feita sob medida” – para os seus sonhos, as suas paixões, os seus talentos.

Este livro busca traçar um mapa e fornecer uma bússola que nos permitam ir da escola que temos para a escola que queremos – e, quem sabe, além. Um mapa e uma bússola– não um itinerário, muito menos um passo-a-passo. O bom de um mapa e de uma bússola é que com eles é você que define o seu destino e escolhe o seu caminho.

Eu estou lançando o livro hoje, 20/2/2019, vinte e cinco dias antes do prazo que eu havia me dado.

Eduardo CHAVES
20 de Fevereiro de 2019
(Data prevista: 15 de Março de 2019)

DISPONÍVEL EM:

Para quem tem conta na Amazon Brasil, em:

https://www.amazon.com.br/Educação-Desenvolvimento-Humano-Segunda-Edição-ebook/dp/B07NPVWMJG/

Para quem tem conta na Amazon US, em:

https://www.amazon.com/Educação-Desenvolvimento-Humano-Segunda-Portuguese-ebook/dp/B07NPVWMJG/

Mas o livro está disponível em todas as lojas virtuais da Amazon no mundo para leitores dos respectivos países: UK, Deutschland, France, España, Canada, etc.

NOTA:

Quem tem conta em uma Loja Nacional da Amazon pode comprar livro impresso em qualquer loja da Amazon no mundo — mas só pode comprar e-books, como este, na Loja em que abriu a sua conta.

Livro de Eduardo Chaves na Amazon (Kindle)

Comunico aos leitores e amigos que publiquei no formato e-book / padrão Kindle, da Amazon, um pequeno livro que publiquei em papel no início do ano passado sobre História da Igreja Antiga. Seu título é Breve História da Igreja Antiga: Dos Primórdios à Queda do Império Romano no Ocidente.

O livro é publicado sob a égide de minha empresa Mindware Education, que, desde 1997, há mais de 20 anos, portanto, é uma editora, embora este seja o primeiro título a ser publicado por ela depois de uma série enorme de livros de Informática publicados nas anos 1990 e 2000.

Se você tiver interesse em adquirir esse pequeno livro, ele está disponível na Amazon BR, no seguinte URL:

O preço é US$ 2,99 (basicamente três dólares americanos) para quem comprar pela Amazon US. Esse é o preço de um café na Starbucks nos EUA… 🙂 Convertido em reais, para venda na Amazon BR, o preço sai, no momento (4/12/2018), um pouco menos de R$ 12,00. Menos do que um exemplar impresso da VEJA ou da ÉPOCA…

Além disso, quem é assinante do Kindle Unlimited pode ler o livro de graça, em qualquer das duas lojas (ou em qualquer das várias outras lojas virtuais da Amazon, mundo afora: UK, Alemanha, França, Espanha, Canadá, etc.).

Se o livrinho fosse impresso como paperback (brochura), teria, na estimativa da Amazon, seguindo a diagramação dela, 102 páginas. Mas já soltei uma nova versão (que será automaticamente atualizada no seu dispositivo), com dois apêndices, e mais alguns materiais, que trará o total de páginas, se o livro for impresso, a perto de 150.

Escrevi o livro em 2016 para uso no Curso de Teologia a Distância da Faculdade de Teologia de São Paulo, da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil (FATIPI). Eu mesmo ministrei o curso na primeira vez em que ele foi ministrado, em 2017. Apesar de ter deixado de trabalhar na FATIPI a partir do segundo semestre de 2017, a instituição está autorizada por mim a continuar a usar o livro com outros instrutores.

O livro cobre a História da Igreja Antiga, que vai dos primórdios do Cristianismo na Antiguidade até a Queda do Império Romano no Ocidente (476 aD).

Foi no período coberto por este livro que o Cristianismo surgiu e evoluiu, de uma pequena e modesta seita judaica na Palestina, para a religião oficial do Império Romano, cobrindo todo o território desse imenso império, no Ocidente e no Oriente. Foi nesse período, também, que a Igreja Cristã, em especial no quarto e quinto séculos, inicialmente como Igreja apoiada pelo Império Romano, depois como Igreja Imperial, a única igreja lícita em todo o Império, definiu, através dos seus quatro primeiros Concílios Ecumênicos (Niceia, Constantinopla, Éfeso e Calcedônia), os pilares básicos de sua teologia oficial – a chamada Ortodoxia.

A data da origem do Cristianismo, propriamente dito, é controvertida. Neste livro se define a data da origem do Cristianismo Autônomo (não vinculado ao Judaísmo) como sendo o chamado “Concílio de Jerusalém”, que teve lugar nos anos 49 ou 50 – em Jerusalém, naturalmente. Essa questão é discutida em mais detalhe no Apêndice I. Mas antes de se tornar uma religião autônoma, o Cristianismo existia, como uma Seita Judaica, que teve início por volta dos anos 26/28, quando Jesus de Nazaré iniciou seu ministério na Palestina.

O Apêndice II discute em mais detalhe a visão que a maior parte dos historiadores e teólogos liberais tinham acerca do desenvolvimento do Cristianismo na era antiga.

É este o conteúdo detalhado do livro:

Prefácio
A. Para Início de Conversa . . .
B. Por que Estudar a História da Igreja?
C. A Periodização da História da Igreja
Introdução à História da Igreja Antiga
1. O Período Apostólico (26/28-100)
A. O Ministério de Jesus
B. O Grande Silêncio
C. Do Concílio de Jerusalém até o Fim da Revolta Judaica
D. Do Fim da Revolta Judaica até o Final do Século: Um Silêncio Maior Ainda
2. O  Período Pós-Apostólico (101-313)
A. A Questão da Definição da Ortodoxia e das Heresias
a. Diversidade e Unidade no Cristianismo Primitivo
b. Ortodoxia e Heresia
B. A Questão da Definição do Cânon do Novo Testamento
C. A Interação Intelectual com o Mundo Greco-Romano
a. Indiferença
b. Rejeição
c. Aceitação
D. Por que o Cristianismo era Considerado uma Religião Ilícita?
E. Perseguições Episódicas Locais e Perseguições Imperiais Generalizadas
a. A Perseguição de Décio e Valeriano (249-260)
b. A Perseguição de Diocleciano (303-305)
3. A Igreja Emancipada (313-380)
A. O Preâmbulo ao Edito de Milão
B. Constantino, um Imperador que Virou Santo
C. Novamente a Questão da Ortodoxia e das Heresias
D. Principais Doutrinas Relativas à Pessoa de Jesus Antes de Nicéia
a. Ebionismo
b. Adocionismo
c. Arianismo
E. O Primeiro Concílio Ecumênico, em Nicéia (325)
F. O Período Pós-Niceno até o Reino de Teodósio I
G. O Edito de Tessalônica (380) e a Criação da Igreja Imperial
H. O Segundo Concílio Ecumênico, em Constantinopla (381)
4. A Igreja Imperial em um Império em Declínio (381-476)
A. Os Problemas Continuam na Questão Ortodoxia vs Heresia
B. Principais Doutrinas Relativas à Trindade Antes de Éfeso e Calcedônia
a. Monarquianismo Dinâmico (ou Patripassionismo)
b. Monarquianismo Modal (ou Sabelianismo)
c. Nestorianismo A (Não Uma Pessoa, mas Duas, em um Corpo Só)
d. Nestorianismo B (Duas Naturezas, Sim, mas Não Inseparáveis)
C. O Terceiro Concílio Ecumênico, em Éfeso (431)
D. O Quarto Concílio Ecumênico, em Calcedônia (451)
E. O Fim (Temporário) do Império Romano no Ocidente
Apêndice I – A Questão da Origem do Cristianismo (6/5 aC a 70 dC)
Introdução ao Apêndice I
A. O Nascimento de Jesus
B. O Início do Ministério de Jesus
C. A Morte de Jesus e a Crença na sua Ressurreição
D. A Experiência do Recebimento do Espírito no Pentecostes
E. O Concílio de Jerusalém
F. A Expulsão dos Judeus da Palestina
Conclusão ao Apêndice I
Apêndice II – A Tese Liberal Acerca do Período Apostólico
A. A Mensagem de Jesus e seus Discípulos
B. A Mensagem de Paulo
C. A Evolução Posterior

Notas

Obrigado a todos. Para os que comprarem o livro, espero que ele lhes seja útil — mesmo que vocês não concordem com tudo, ou até mesmo se se implicaram com alguma coisa.

Eduardo CHAVES

chaves@mindware.education

Salto, 4 de Dezembro de 2018

Aprendizagem Sem Hora Marcada

RECOMENDO, sem reservas, o livro cuja capa aparece na foto a seguir e cuja resenha é acrescentada como Anexo.

Timeless Learning

Seu título é Timeless Learning: How Imagination, Observation, and Zero-Based Thinking Change Schools. O título é meio difícil de traduzir para o Português, mas eu o traduziria livremente como Aprendizagem sem Hora Marcada: Como a Imaginação, a Observação, e uma Abordagem Teórica que Começa do Zero Mudam as Escolas. Seus autores são Ira Socol, Pam Moran, e Chad Ratliff e o livro acaba de ser lançado em 2018 pela Jossey-Bass, uma marca inovadora da tradicional casa editorial, John Wiley & Sons, fundada em 1807, duzentos e onze anos atrás (https://www.wiley.com/). Esse fato já é, em si, simbólico: ele mostra que tradição e inovação não são necessariamente abordagens incompatíveis. (Um pouco mais sobre isso, abaixo.)

Clicando no link abaixo você vai para uma excelente resenha do livro escrita por Will Richardson, que me foi enviada por meu grande amigo, o educador australiano Bruce Dixon (do qual fui colega durante dez anos, de 2003 a 2013, no International Advisory Board da iniciativa global da Microsoft na área da Educação conhecida como Partners in Learning (PIL). Ambos, Will e Bruce, coordenam o importante site Modern Learners (https://modernlearners.com/).

Há muito tempo que eu estou totalmente convicto de que a escola tradicional / convencional (a praga que temos espalhada por aí, em todo canto) já viveu pelo menos meio século, ou, talvez, mais de um século, de total anacronismo.

Ela se tornou anacrônica já há algum tempo porque foi criada para a Civilização Industrial — a civilização das coisas padronizadas e estandardizadas, do cada coisa “a seu tempo”, “em série” e na “ordem certa”, a civilização dos grandes estoques, e não da produção “Just in Time” e “Just Enough”… – e essa civilização já acabou e está morta, faltando só enterra-la definitivamente.

Nessa Civilização Industrial todo mundo, quando chegava a uma determinada idade (sete, seis, cinco anos, por aí), era internado em uma mesma instituição, a escola, para aprender as mesmas coisas (uma grade curricular inflexível, composta de informações e conhecimentos organizados em matérias e disciplinas, centradas em linguagem, matemática e ciências – e que não era chamada de “grade” por acaso…), da mesma forma (assistindo a aulas monótonas e cansativas ministradas por professores / ensinantes entediados por estarem aulando as mesmas coisas pela enésima vez), na mesma sequência (séries), as séries sendo “casadas” com as idades das crianças / adolescentes / jovens, e a “aprendizagem” destes (entendida como a absorção das informações e conhecimentos que lhe eram passados) sendo avaliada mediante testes, provas e exames.

A vida das pessoas, na Civilização Industrial, também era segmentada: uns poucos anos para brincar (de um a seis, cinco ou quatro), vários outros anos supostamente para aprender (mais quatro, cinco, seis, dez, quatorze, dezoito), cerca de trinta a quarenta anos para trabalhar, e, ao fim, o que sobrar para finalmente desfrutar a vida, e/ou preparar-se para a morte, ao longo da aposentadoria.

A razão pela qual a internação na escola precisou ser gradualmente estendida – a escolaridade obrigatória era de quatro anos, inicialmente, hoje é de cerca de dezoito – deveu-se ao fato de que se acreditava que, na vida, havia uma fase dedicada exclusivamente a aprender, durante a qual se deveria aprender tudo aquilo que pudesse vir a ser necessário nas fases posteriores (num processo semelhante ao de estocagem), em especial na fase dedicada ao trabalho produtivo. Assim, além de se estender o número de anos de internação na escola, também aumentou-se o número de dias passados na escola durante o ano (o calendário escolar também foi espichado), e o número de horas passadas na escola durante o dia se ampliou – o ideal passando a ser a “escola de tempo integral” – em que crianças / adolescentes / jovens passam internados durante cerca de dezoito anos na melhor fase da vida! Assim a educação das crianças / dos adolescentes / dos jovens foi escapando das mãos da família nuclear e estendida, e da comunidade imediata em que essa família vivia, para passar para as mãos do estado, a ponto de o nosso nefasto Supremo Tribunal Federal há dias ter negado aos pais o direito de conduzir a educação dos filhos sem interna-los na prisão escolar.

Essa civilização começou a ser suplantada e substituída pela Civilização da Aprendizagem (que recebe vários outros nomes, como Civilização da Criatividade, ou, com base em seu insumo básico, Sociedade da Informação e Sociedade do Conhecimento) desde o final da Segunda Guerra, ou, pelo menos, a partir de meados dos anos 1950, quando mais pessoas passaram a trabalhar na área de serviços, relacionamentos, informações e conhecimentos(o chamado setor terciário da economia) do que nas áreas da extração de matérias primas e da agropecuária (o setor primário da economia) e da indústria de transformação (o setor secundário da economia) COMBINADAS.

Tomei conhecimento desse fato em 1980, quando li pela primeira vez o livro The Third Wave / A Terceira Onda, de Alvin Toffler, publicado naquele ano, dez anos depois do seu também muito bem sucedido Future Shock / Choque do Futuro, de 1970). Assim que li o livro resolvi dar um curso eletivo sobre ele no Curso de Pedagogia da Faculdade de Educação da UNICAMP, da qual havia me tornado diretor naquele ano, e fiz exatamente isso (apesar de o Diretor ser dispensado de aular).

Desde então, passei a estudar regularmente esse ingresso do nosso mundo ocidental civilizado na Terceira Onda. Aqui no Brasil nós, apesar de avanços, estamos sempre atrasados. Nossa economia ainda é tremendamente dependente de atividades de Primeira Onda (extração de minerais e petróleo, agricultura, pecuária, etc.), nossa atividade na área da Segunda Onda (indústria de transformação) é relativamente pequena e oscilante, e ainda não ingressamos de forma generalizada na Terceira Onda, exceto em grandes cidades da linha de frente da economia, como, no Estado de São Paulo, a capital, São Paulo, Campinas, São José dos Campos, Ribeirão Preto, etc. e, fora do Estado de São Paulo, principalmente Curitiba.

Inicialmente, defendi a tese de que era preciso radicalmente transformar a escola, para adequa-la à Civilização da Aprendizagem e da Criatividade. Escrevi um livro, em 1998, a pedido do Ministério da Educação (MEC), com o título Educação e Tecnologia: O Futuro da Escola na Sociedade da Informação. Por desentendimento com o MEC acerca de direitos autorais, o MEC acabou não distribuindo o livro – e eu o distribuí muito mal, colocando em meu site uma versão PDF, a partir do ano 2000. Ao longo de 2001-2002, escrevi outro livro, em decorrência de minhas consultorias à Microsoft Brasil e ao Instituto Ayrton Senna, que acabei não publicando de maneira regular, depois de já estar aprovado pela editora (SENAC), porque meu pensamento estava evoluindo muito rápido naquela época, em especial em função de minhas conversas e discussões com dois educadores de escol (não de escola), Rubem Alves e Antonio Carlos Gomes da Costa. O título que dei ao livro foi Educação e Desenvolvimento Humano: Uma Nova Educação para uma Nova Era. Ele foi usado para uma formação que dei aos primeiros contratados pelo Ricardo Semler e pela Helena Singer para serem os tutores e mestres iniciais da Escola Lumiar. (Para os interessados, estou presentemente a tomar providências para publicar esses dois livros em formato de e-book através da Editora Kapenke, de meu sobrinho, Vítor Chaves de Souza).

A partir de alguns anos atrás tenho defendido a tese illichiana da Descolarização da Sociedade, que eu chamo (com algumas nuances de sentido) de Desescolarização da Educação, como se pode constatar em meu blog / site Deschooling Education (https://deschooling.education/).

Temos tido, minha mulher e eu, interessantes discussões sobre a questão da viabilidade da escola hoje. Ela, Paloma E M C Chaves, ainda acredita que a escola tem algum futuro, desde que radicalmente transformada. Eu, da minha parte, prefiro lutar diretamente por uma Learning and Creative Society – uma Sociedade da Aprendizagem e da Criatividade, em que livremente se aprende anytime, anywhere and anyhow, ao longo da vida inteira, em função das necessidades e dos interesses de cada um, sem que a aprendência e a criativivência sejam institucionalizadas.

Note-se que John Dewey (e discípulos brasileiros seus, como Anísio Teixeira), embora ainda não estivessem prontos para considerar a desescolarização ou desinstitucionalização da educação, defenderam uma educação centrada nos aprendentes (não nos ensinantes) e entremeada com a vida, os interesses, e a experiência desses aprendentes, tanto dentro como, especialmente, fora da escola. Esse tipo de educação foi chamado de Educação Ativa ou Educação Progressista. Mais recentemente (começando uns trinta anos atrás), li com o maior interesse as obras de John Holt, considerado o pai não só do movimento chamado de Home Schooling, um nome que considero inadequado, mas também do movimento denominado, mais apropriadamente, Unschooling. Mas esses dois movimentos ainda são bastante minoritários.

Hoje em dia temos, em movimentos majoritários, temos duas tendências.

De um lado, defensores da escola tradicional / convencional, apoiados em algumas iniciativas reformadoras, mas quase nunca radicalmente transformadoras, e em geral centradas no uso controlado (ensinante) e domesticado da tecnologia (uso esse não-disruptivo do currículo e da metodologia escolar), têm procurado reforçar a tese de que a escola deve centrar sua atenção nas matérias e disciplinas básicas, que, para eles, são Linguagem, Matemática e Ciências – talvez com uma breve pitada de Solução de Problemas, para os mais inclinados para as Ciências Naturais, as Engenharias, e as Tecnologias em geral.

Do outro lado, temos defensores de uma educação escolar liberal, focada na leitura dos Clássicos e das Grandes Obras Filosóficas e Literárias da Civilização Ocidental, que hoje também não prescinde do uso da tecnologia, mas que é voltada para os mais inclinados para a área de Humanidades e Ciências Humanas (como certamente é o meu caso).

Lembram-se do tempo em que o Segundo Ciclo do Ensino Secundário, o chamado Colegial, era dividido entre Científico e Clássico? Eu comecei a cursar o Científico e o abandonei depois de um semestre apenas: fui cursar o Clássico, em que me realizei. A divisão de alguma forma continua…

Mas eu evoluí…

Se você está entre aqueles que, como eu, acha que a Educação não deve preparar apenas para uma carreira e uma profissão, mas para a vida, e que sempre ficaram, nos últimos tempos, em que as ideias de John Dewey ficaram em baixa, espremidos nessa briga entre Cientistas Naturais e Engenheiros, de um lado, e Bacharéis e Intelectuais, do outro, o livro resenhado é um alento.

Depois de passar os olhos, em leitura dinâmica, pelo livro resenhado, estou quase a concluir que não é preciso decidir, primeiro, se a escola, enquanto tal, é recuperável ou se ela está definitiva e irrecorrivelmente condenada à morte, sem direito a sursis. O futuro decidirá isso.

O que é preciso fazer com urgência é refocar a educação na Vida e no Desenvolvimento Humano. Para isso, a tecnologia (hardware + software) é importante, mas não é essencial. Essencial é entender a educação como desenvolvimento do nosso mindware para que possamos viver vidas realizadas e felizes. Por isso publico este artigo também nos meus blogs Mindware Education (https://mindware.education/), EduTec Space (https://edutec.space/), e no meu Portal de Blogs, Chaves Space (https://chaves.space/).

Em Cortland, OH, 1º de Outubro de 2018.

o O o

ANEXO:

Choosing Progressive Education for Modern Learning

By Will Richardson

July 31, 2018

https://modernlearners.com/choosing-progressive-education-for-modern-learning/

While it’s hard to count the number of profound thoughts and insights that frequent Timeless Learning, the absolutely powerful new book from Ira Socol, Pam Moran, and Chad Ratliff that’s coming out next week, this one particular passage had my inner and outer edu-activist pumping his fist:

Adults may argue about this – they do argue about it – but despite the historical victories of industrial education, the fundamental utility of school has now firmly shifted to the progressive educational ideal, what John Dewey wanted” (97).

Finally, some well-respected voices who categorically state that for this modern era, for the sake of  today’s kids living in today’s world, we must choose Dewey over Thorndike, not the other way around.

To be sure, I know many progressive educators in classrooms and schools right now. Heck, there are actually a smattering of fully functioning and fully committed progressive schools where absolutely amazing things are happening with kids and teachers who are all passionate learners. That said, too many in and out of education have long been hesitant to embrace that “progressive” moniker, partially because of the baggage it carries (it’s “soft,” you know) and partially because not enough people really understand what the word means in the context of learning.

Ira and Pam and Chad, all from the Albemarle (Va) School District, don’t just know what it means. With Pam’s guidance as superintendent, over the last 13 years (she retired this spring) Albemarle has moved from a fairly traditional public school district to one that is a living, breathing exemplar of a) what schools can become if we truly put kids at the center of our work, and b) what professional practice looks like when it’s deeply rooted in a commitment to beliefs and values and, importantly, a clear understanding of the opportunities and challenges of the modern world. In other words, “progressive.”

For that reason alone, this book is important. The story that the authors tell is not one about buzzwords, cool new technologies, some new acronym-forced strategy, or vague word salads about whatever new innovations or new pedagogies or new skillsets are the flavor of the month. Instead, as the title suggests, it’s a story about the timeless knowledge that we all share about how kids learn, how adults learn, and how we learn together in schools. I hesitate to say that you won’t read anything especially surprising in this book; you’ll likely be nodding your head on every page. But if you read it to the end, you may be surprised at how high your bar gets set when thinking about where to take your own work in schools and classrooms, even for those of you for whom “change” has been a focus already.

The inspiration here is this: It can be done. The message is this: It must be done. We have to stop hewing to the systems and structures that have for so long defined “school” and start seriously articulating and living a different vision. And it’s the living part that makes this book so special. As the authors say, it’s not a “how to;” every school is different. It is, instead, a model for what can happen when you commit fully over time to build from a deep understanding of how powerful learning happens for kids.

So let me share a couple of let’s-not-mince-any-words snips that speak to the progressive ideal, to the urgency for change, and to the realities of the system today.

“In our observations, we’ve discovered that educators with a bias toward the child—those who embrace children’s engagement, happiness, agency, and strengths—share a core belief that the essential role of school communities is to empower children through a multitude of learning pathways. Such progressive educators support children to develop life competencies through a wide bandwidth of democratic and experiential learning opportunities in both formal and informal settings—projects, maker learning, collaborative exploration of interests, technologies of all kinds used to produce learning, and exhibition of learning to authentic audiences. These educators speak with conviction about the value of knowing children as individuals rather than focusing on the data inherent in traditions of scientific management. They do not represent the norms of educational systems developed over decades through “cells and bells” structures, direct instruction, and bell curve expectations. In short, they work hard to free the child from the shackles of the compliance-based system they’re trapped in” (40).

And another:

“There are societal changes that now enable educators to leverage making as a tool – or as a philosophy inside compulsory education that we can leverage as a pathway toward a progressive education model. When people say, “Well, we all shouldn’t be makers,” we ask, “How do you define making?” Should everybody need to know how to use a 3D printer? We don’t think so. Should everybody need to know how to come up with their own ideas, and then know how to learn what they need to know about those ideas, and how then to make those ideas real, and introduce them into society in some authentic way, whatever is meaningful to the individual? Then yes, yes. Every learner should learn to do that – and they shouldn’t only have their one cool government teacher to do that. We have 13 years of iterative experiences through which we are working to do that. We are pushing back at nurturing the compliance that America’s present-day schools are built upon” (139).

And, finally, just one more to get you thinking:

“Incremental shifts in practice are not the focus of our work. We are committed to significant transformation of the teaching and learning culture in our schools. We know from our work that for individual teachers and whole faculties to change pedagogies, they themselves must commit to learning how to learn in today’s world. This means reflection, inquiry, and study in collaboration with colleagues and mentors. Provocation of thought and processing drives professional growth beyond superficial change of little magnitude to deep change that results in substantively different learning experiences for young people. We have seen this occur when professional learning opportunities shift from the normative top-down, program-driven professional development to experiential learning that gets educators out of the box we call school. When our educators come to embrace and own their own learning in a context of seeing themselves as designers, creators, and makers, it changes the game in how they approach working with learners” (159).

Change in schools is not about teaching. It’s not even about education. It’s about learning. And, ironically, that’s what makes it so challenging. The unpleasant truth is that schools were not built for learning. To change them to actually be about learning is hard, difficult work. It’s work that honestly, most people don’t want to tackle at scale. It’s easier to drive numbers. It’s easier to offer more AP tests or carve out a “Genius Hour.” It’s easier to try to keep parents and policy makers and union reps happy by just tweaking the recipe a bit than it is to peel back all the layers and start asking the deeply important questions about what’s actually best for all kids, every day, today.

But just remember: “The fundamental utility of school has now firmly shifted to the progressive ideal.” You may not believe that…yet. You may not think that shift is about your school. But it is. Your kids are writing a new story of learning outside of school that at some point will require your full embrace inside of school. That is the story of  Timeless Learning, and you ignore it at your own peril.

And to your kids’ detriment.

o O o

My Educational Creed: A Pedagogical Decalogue

NOTE of June 16, 2018:

I wrote this Decalogue one year ago, in June 2017, while I prepared a paper for the PBL-2018 Conference on Problem-Based Learning and Other Active Methodologies, which received the title “Reinventing the School or Deschooling Education?” (The Conference took place in February 2018 in Santa Clara, CA, in the campus of the Santa Clara University).

Although I wrote this Decalogue only one year ago, the ideas that came into it had been taking shape for well over 50 years, ever since I started High School in 1961 in a boarding school in Brazil, the Institute José Manuel da Conceição, located in a small community in Jandira, SP, in the neighbourhood of São Paulo. These ideas were fairly well completed, in a coherent educational outlook, by the time I was President of the Lumiar Institute, responsible for the Lumiar Schools, during 2007-2009.

I originally shared this Decalogue in my blog “EduTec Space” on the 9th of July of 2017. I share it again, in the same blog and in a different blog, for the benefit (I hope) of those who didn’t read it then.

o O o

It took me several long years to convince myself of the truth of several theses that I find extremely important today:

(01) That education has to do with learning (not with teaching);

(02) That what happens to children in schools, as a result of teaching, is not learning, being, in the best possible case, nothing more than information absorption and assimilation — which may be important, in certain contexts, but otherwise make people “mentally obese” (Rubem Alves), and certainly is not education;

(03) That learning, as such, has to do with capacity building and competency development, that is: to learn is to become capable of doing things which one was not capable of doing before;

(04) That important, relevant and “significative” (meaningful) learning takes place through active observation, emulation, interaction, dialogue, collaboration, mediation, etc. in the context of projects that challenge children (or any other would-be learners) to solve problems related to their interests and concerns in the process of living their lives in the real world;

(05) That this kind of learning is more impeded than promoted in artificial ghetto-like environments such as schools, even if these environments are effective in achieving the conventional objectives schools normally seek to promote, and even if they are reduced in scale to operate in one’s own home, but try to replicate the schools that exist outside, as most home schooling initiatives do;

(06) That what we need today is a radical unschooling (in the line of Ivan Illich’s “deschooling society”) that definitively breaks the factual link that exists today between education and schools (a conceptual or necessary link never having existed);

(07) That home education (provided it does not emulate what goes on in schools in terms of its goals, contents, methods, approach to evaluation, etc.) is clearly part of the solution, since the home certainly must become again a meaningful and coherent educational environment, but is only a portion (though a significant one) of the large-scale solution that is presently required;

(08) That home education must be complemented by educational efforts by the extended family, the community (neighborhood), the church, the club, all the other places of leisure and play, the places of work, the social networks, the media, etc. — in one idea, by the society at large, that must become a learning society – without any overall effort at coordination by governments or the like;

(09) That the fundamental content of this education is basically contained, as far as cognitive (or hard, or basic) competencies are concerned, in the Medieval Trivium (the first three Liberal Arts: Language, Logic and Rhetoric), and, as far as the so-called non-cognitive (or soft, or 21st-century) skills, in Stephen Covey’s 7 Habits of Very Effective People;

(10) that the mastery of numerical, geometrical, symbolical, scientific and artistic competencies (that make up the Medieval Quadrivium) can be gradually inserted, in a personalized manner, into the education of learners that demonstrate interest and aptitude in these fields and to the extent that their passion and talent permit.

 (c) Eduardo CHAVES, 2017, 2018

Written in Ubatuba (SP/BR), on the 9th of July of 2017; reprinted here in São Paulo, on June 16th, 2018

Mindware & Education

“Uma forma abrangente de descrever a inteligência reflexiva é dizer que ela consiste de ‘mindware’. Comparemos: ‘kitchenware’ são as ferramentas com as quais trabalhamos na cozinha; ‘software’ são as ferramentas com as quais trabalhamos no computador; ‘mindware’ são ferramentas para a mente: as ferramentas com as quais a nossa mente trabalha. Uma instância de mindware é qualquer coisa que uma pessoa pode aprender — uma estratégia, uma atitude, um hábito — e que estende a sua capacidade de pensar crítica e criativamente”.

N. Perkins, “Mindware and the Metacurriculum”,
in Creating the Future: Perspectives in Educational Change,
livro compilado e editado por Dee Dickinson.

[NOTA]

1. Esse livro foi publicado originalmente em papel por Accelerated Learning Systems, em 1991. Está esgotado, mas ainda é vendido, usado, através da Amazon.

2. O livro foi republicado em formato digital em 2001 por uma organizada chamada New Horizons for Learning em um site com o título “New Horizons”, no seguinte endereço: http://www.newhorizons.org/crfut_perkins.html (mas foi removido desse endereço).

3. O livro e, a fortiori, o artigo de D. N. Perkins, foram posteriormente republicados online, estando disponíveis, em 24 de Junho de 2018, nos seguintes endereços: http://archive.education.jhu.edu/PD/newhorizons/future/creating_the_future/index.cfm e http://archive.education.jhu.edu/PD/newhorizons/future/creating_the_future/crfut_perkins.cfm.

4. O texto original em Inglês, aqui traduzido por mim, é o seguinte: “One encompassing way to describe reflective intelligence is to say that it is made of ‘mindware’. Just as kitchenware consists in tools for working in the kitchen, and software consists in tools for working with your computer, mindware consists in tools for the mind. A piece of mindware is anything a person can learn — a strategy, an attitude, a habit — that extends the person’s general powers to think critically and creatively.”

5. “Mindware” é, portanto, um conceito equivalente a “Tools for the Mind“, ou “Mind Tools” — conceito ao qual se fará menção adiante.

[FIM DA NOTA]

O computador tem dois elementos básicos: hardware e software. (Há outros elementos que, em geral, são acrescentados: “powerware”: sem energia o hardware não funciona e sem o hardware o software não funciona; “peopleware: sem gente para programa-lo e coloca-lo em operação, ele é inútil; etc.).

Hardware é, por assim dizer, o corpo do computador. Esse corpo inclui:

* seu “cérebro” (a CPU), onde estão os “neurônios” que lhe permitem processar instruções que lhe são fornecidas;

* as células que são a base física de sua “memória”;

* seus “órgãos dos sentidos”, que são os periféricos, que lhe permitem obter dados (através de um teclado e, hoje em dia, através de outros meios mais sofisticados, como o tato ou a voz humana, etc.), dados esses que, uma vez processados, são disponibilizados (através de uma tela, de uma impressora, e, hoje em dia, através de um sistema de som, etc.);

* outros componentes de função não tão nobre mas não menos essencial.

Software é, por assim dizer, a linguagem e a lógica que nos permitem passar instruções ao “cérebro” do computador que lhe indicam o que fazer com os dados que estão em sua “memória” e como disponibilizar as informações resultantes desse processamento através de algum “periférico”.

Mindware, entretanto, é bem mais do que tudo isso: é a inteligência (chamêmo-la de “reflexiva”, como o fez Perkins) que permite que o ser humano aprenda, pense, imagine coisas, reflita sobre elas, e depois aja para cria-las.

Entre as coisas que o ser humano inventou (pensou, imaginou, refletiu e criou) estão as tecnologias. Numa definição simples, que eu há muito tempo criei para fazer sentido dessas coisas, tecnologia é o conjunto de tudo aquilo que, não existindo na natureza, o ser humano inventa (imagina e cria) para tornar sua vida mais simples ou agradável.

Há muitas formas de classificar as tecnologias, quase sempre binárias. Uma delas é entre ferramentas e brinquedos.

Ferramentas (tools, em Inglês) são tecnologias que estendem a força física do ser humano, sua habilidade locomotora, sua capacidade sensorial, e mesmo, como no caso do computador, seus poderes mentais. Ferramentas são coisas úteis, que nos permitem sustentar a nossa vida e sobreviver. Ferramentas são meios.

Brinquedos (toys, em Inglês) são tecnologias de outro tipo. O ser humano, aparentemente cansado de só fazer coisas úteis, de só lidar com meios, também inventou (imaginou e criou) brinquedos que nos divertem, que nos dão prazer, que, em alguns casos, nos elevam a alma e nos inspiram (como no caso da arte), que nos dão boas razões para querer sobreviver. Eles não têm nenhuma outra utilidade a não ser nos fazer felizes. Não são meios para alguma outra coisa. Brinquedos são fins em si mesmos. Eles nos permitem florescer e nos realizar como seres humanos.

Outra forma de classificar tecnologias é entre Entidades Tangíveis e Entidades intangíveis (hardware e software). Já falei em hardware e software no contexto do computador. Mas a tecnologia vai muito além (ou fica muito aquém) do computador. Uma enxada é hardware. Saber usa-la, definir as regras como ela pode e deve ser usada, é software. Um piano (ou qualquer outro instrumento musical) é hardware. Saber usa-lo, bem como as partituras que são elaboradas para que alguém o toque, e, também, a notação (ou linguagem) em que essas partituras são elaboradas, e as convenções definidas para transformar a partitura em sons através do teclado do piano, tudo isso é software.

Por aí se vê que mindware não é um componente do computador: é um componente do ser humano (que, entre outras coisas, criou e usa o computador, hardware e software). Mindware é o conjunto de tecnologias mentais (mind technologies), o conjunto das ferramentas e brinquedos mentais (mind tools and toys) que nos permitem aprender, pensar, imaginar coisas, refletir sobre elas, e depois agir para cria-las, transformando-as em realidade — sentindo prazer no que fazemos.

Sem mindware, não teria sido criado o computador; sem mindware, ele não pode ser colocado a bom uso — especialmente na educação. Como eu próprio disse há quase quarenta anos, mais importante do que aprender a usar (manejar) o computador (tanto em seu hardware como em seu software), é usar o computador para aprender mais e melhor… Para crianças, adolescentes e jovens, o computador é mais um brinquedo do que uma ferramenta… Por isso sentem prazer em brincar com ele.

A finalidade da Mindware Education (agora falo a empresa criada em 1997) é ajudar as pessoas a usar bem o computador — para aprender, sem dúvida, mas para fazer qualquer outra coisa que desejem. Por isso, a Mindware é Educação. Mindware é sinônimo da inteligência que nos permite usar o computador para aprender e para a pensar criativa, crítica e reflexivamente — para sustentar a nossa vida e, mais importante, para dar sentido a ela.

[BREVE BIBLIOGRAFIA]

Para uma discussão mais completa e abrangente do conceito de mindware, veja:

David Perkins, Outsmarting IQ: The Emerging Science of Learnable Intelligence (Free Press / Simon & Schuster, New York, 1995)

Kenneth Stanovich, What Intelligence Tests Miss: the Psychology of Rational Thought (New Haven and London: Yale University Press, 2009)

Richard E. Nesbitt, Mindware: Tools for Smart Thinking (Farrar, Strauss & Giroux, New York, 2015)

James Manktelow e Julian Birkinshaw, 100 Ways to Be a Better Boss: Mind Tools for Managers (John Wiley & Sons, Hoboken, New Jersey, 2018)

Se ficar realmente interessado no assunto, não deixe de visitar também o incrível site Mind Tools, no endereço https://www.mindtools.com.

[FIM DA BREVE BIBLIOGRAFIA]

[UMA NOTA FINAL]

Lembro-me perfeitamente de que adotei o termo “Mindware” como nome fantasia de minha empresa quando a criei, em 1997 — há mais de vinte anos. Logo em seguida criei um site para a empresa no domínio mindware.com.br. A primeira vez que reuni as reflexões que aqui apresento foi para uma palestra que dei na “Happy Hour” do memorável restaurante inventado (imaginado e criado) pelo meu querido amigo Rubem Alves, o Restaurante Dali, em Campinas, ao lado do Seminário Presbiteriano onde ele e eu estudamos. A palestra foi dada pouco tempo depois da abertura da empresa.

O restaurante abria diariamente, nos dias de semana e sábados, às 18h. Das 18h às 19h30 ele tinha uma “Happy Hour”, dedicada, um dia para filósofos, outro para teólogos, outro para escritores em prosa e poetas, outros para artistas, outro para educadores. Aos domingos, o restaurante só abria para o almoço — e este era preparado, ou sua feitura era coordenada, em regra, por um dos clientes… O restaurante era sempre uma festa — gastronômica e intelectual.

Que falta faz o Rubem Alves!

[FIM DA NOTA]

Bem-vindos à página da Mindware Education!

Salto, 24 de Junho de 2018

Eduardo Chaves
Presidente e CEO,
Mindware Education
chaves@mindware.education
https://mindware.education

Definitions of Mindware

Mindware

“(As a count noun): A product which affects or improves one’s mind (rare).

Material (especially books) which provides mental stimulation.

(Computing): Software which closely imitates or interacts with the human mind; an artificial intelligence or virtual reality program.

A person’s mind, especially intellectual faculties or thought processes, regarded as variously analogous to computer software. Hence in extended use: human intelligence or expertise, especially seen as a commodity.”

[ English Oxford Living Dictionary:
https://en.oxforddictionaries.com/definition/mindware ]

Mindware

“A term invented by cognitive scientist David Perkins, [mindware] is defined as rules, procedures and other forms of knowledge that are stored in memory and can be retrieved in order to make decisions and solve problems (Stanovich, 2009)”. 

[Jamie Hale, “Identifying and Avoiding Contaminated Mindware” https://psychcentral.com/blog/identifying-and-avoiding-contaminated-mindware/%5D

[ K. Stanovich. What Intelligence Tests Miss: the Psychology of Rational Thought.
(New Haven and London: Yale University Press, 2009) ]

Mindware

“(As an uncountable noun): The mental knowledge and procedures that a person uses to solve problems or make decisions.”

[ https://en.wiktionary.org/wiki/mindware ]

Mindware

“One way to track the debate around this revolution [about conceptions of intelligence]  is to use a metaphor, the idea of mindware. What is mindware? It is whatever people can learn that helps them to solve problems, make decisions, understand difficult concepts, and perform other intellectually demanding tasks better.

To draw an analogy with computers, mindware is software for the mind—the programs you run in your mind that enable you to do useful things with data stored in your memory.

Or to make a more prosaic but equally apt analogy with cooking, mindware is like kitchenware, the equipment of the mind, . . . that enable[s] people to cook up something compelling out of the information at their disposal.

Or to put it yet another way, mindware is whatever knowledge, understanding, and attitudes you have that support you in making the best use of your mind.”

[ David Perkins, Outsmarting IQ: The Emerging Science of Learnable Intelligence (Free Press / Simon & Schuster, New York, 1995), p. 13) ]

Salto, June 24th, 2018